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O que é Macumba Realmente?

 

Para esclarecer definitivamente assunto tão escabroso:

1) Em língua Bantu, sim, é um instrumento musical idiofônico, uma espécie de Reco-Reco de madeira, feito de uma árvore chamada Magombe. Nada a ver com certa foto que anda sendo veiculada pela internet. Naquela foto o que está exposto são Guiros, que saõ instrumentos cubanos.

2) A verdadeira Macumba chamava-se Ngoma ua Mukamba, um tambor dos Lunda-Kioko, que no Brasil se difundiu na Umbanda e depois foi substituído pelos atabaques. Mais fáceis de construir e, portanto, foram largamente disseminados pela indústria do capitalismo de terreiro.

3) Mukumbu é uma palavra quimbundo que significa “som”.

4) Da árvore Magombe (haviam várias árvores com nomes muito próximos) faziam-se tambores que recebiam nomes bem semelhantes ao nome das árvores, tais como Ngoma, Ngombe, Makuta, Makombe, etc.

5) Ainda, Cumba, em quimbundo se traduz como valente, forte, ou rugido (dos leões talvez), que lembra o som dos tambores graves, assim como a Angona Puíta ou cuíca gigante lembrava o rugido do Leão e era usada para atraí-los nas caçadas rituais;

A Capoeira e seus Aspectos Religiosos

Falar de Capoeira é falar de uma luta que se dança e que expressa movimentos que de alegoria nada tem.

No decorrer da história da nossa humanidade podemos encontrar momentos em que o “muro infinito” que separa as realidades inexistia e o homem possuía claro contato e entendimento dos mistérios que o envolvia até que em dado momento, movido pelo orgulho e por outros sentimentos negativos, o homem acaba trazendo para si as vantagens de seus conhecimentos esquecendo os reais objetivos e valores do Sagrado; dado o feito se criaram as ciências ocultas como forma de preservar o conhecimento original, ciências essas nas quais várias religiões beberam, e bebem, se mantendo assim até hoje. A música, a dança, as pinturas, as cantigas, são codificações do Sagrado e nessa perspectiva a capoeira também é uma codificação, ou para alguns decodificação, do Sagrado que se manifesta através do movimento, do som, e também da luz já que se analisarmos os princípios básicos da criação do universo veremos que luz, som e movimento são reações conjuntas sendo que dentro da capoeira a luz estaria presente na honra, na ética e na seriedade com as quais a capoeira se expressa.

A Capoeira tendo nas origens de seu surgimento a cultura afro-brasileira, além de outros elementos que a compõe, possui a religiosidade como um dos pilares de sua base. Aqui vamos nos ater nos pontos de contato da Capoeira com os terreiros considerando-se as práticas religiosas existentes hoje no Brasil, do Candomblé á Umbanda.

Na prática da Capoeira destaca-se a musicalidade por meio dos cantos, das ladainhas e dos instrumentos conhecidos como o berimbau, atabaque e pandeiro, tocando em harmonia para marcar o ritmo do jogo demonstrando estreita relação com aspectos religiosos afro-brasileiros. Nos terreiros de fundamento, nos ensina a tradição, encontramos o trio de atabaques, Rum, Rumpi e Lê, tocando em harmonia, cada um ao seu toque específico mas todos numa comunhão de significados.

Infelizmente alguns grupos de Capoeira moderna perderam esta harmonia na qual o berimbau, o atabaque e o pandeiro deveriam, cada qual em suas variações, formar uma melodia perfeitamente encaixada, que se traduziria em uma musicalidade formada de sons estéreos.

É muito comum hoje observarmos os três instrumentos da Capoeira tocando de forma igual, o canto fora de tom e o jogo num passo totalmente fora do ritmo. Se avançarmos mais um pouco para algumas tradições da nossa Umbanda também poderemos chegar a um paralelo no qual vemos os cursos de curimba ensinando que os três atabaques devem soar em tons iguais e no mesmo ritmo. Neste ponto já podemos formar um paralelo com os toques de Nação que se encaixam em um só; ritmos que, apresentados em suas variações, constituem a essência do toque, canto e dança. Continuar lendo